Após soltura de jovem preso injustamente, Polícia Civil do DF lamenta e diz que cumpriu procedimentos

Lucas Moreira de Souza estava detido desde 2017 por crimes que não cometeu. Ele saiu do presídio na quinta (22), após ser inocentado pela Justiça.

A Polícia Civil do Distrito Federal se manifestou, nesta sexta-feira (23), sobre as inconsistências na investigação que levou à prisão de Lucas Moreira de Souza. Atualmente com 26 anos, ele foi solto na quinta (22), após três anos detido por crimes que não cometeu. O jovem chegou a ser condenado a 77 anos de prisão (relembre abaixo).

Policiais prenderam o rapaz em dezembro de 2017, por cinco assaltos e uma tentativa de latrocínio, em Ceilândia e Recanto das Emas. Na nota divulgada sobre o caso, a corporação lamentou o ocorrido e informou que “cumpriu todos os procedimentos legais para efetuar a prisão em flagrante do acusado, tanto que foi recebida e ratificada pelo Judiciário”.

“Durante procedimentos investigatórios, policiais civis da 15ª DP diligenciaram na região de Ceilândia e localizaram o suspeito em via pública. Ele foi conduzido até a unidade policial onde foi reconhecido por várias vítimas dos crimes citados anteriormente”, diz a Polícia Civil.

A corporação afirma ainda “que todos os elementos produzidos na fase policial foram repetidos e ratificados em juízo, na presença do advogado do acusado, promotor de justiça e juiz, conforme disposição legal vigente”. Por fim, a polícia “reafirma o compromisso com o Estado Democrático de Direito” .

O caso

Lucas Moreira de Souza foi preso em 20 de dezembro de 2017 e, desde então, tentava provar a própria inocência. No dia em que foi detido, ladrões roubaram um carro e cometeram outros delitos, em Ceilândia. Em seguida, foram para o Recanto das Emas, onde deram continuidade à sequência criminosa.

O jovem diz que, naquele dia, acordou pela manhã, tomou café e, em seguida foi para a rua, onde costumava soltar pipa. Nesse momento, foi abordado por policiais civis e apontado como um dos suspeitos dos crimes. Desde então, não deixou o sistema carcerário da capital federal.

Por conta dos crimes, Lucas foi condenado em dois processos. Há cerca de dois anos, no entanto, um policial civil que havia atuado na investigação e acreditava na inocência do jovem procurou a Defensoria Pública do DF.

Ele conseguiu apresentar indícios de que o rapaz não estava envolvido nos crimes. Além disso, a equipe mostrou que o carro utilizado para cometer os assaltos foi utilizado em outros delitos, dez dias após a prisão de Lucas. O detalhe havia passado em branco pelos responsáveis pelas apurações.

Reencontro

Lucas Moreira de Souza, 26 anos, reencontra filho após quase três anos preso por crimes que não cometeu — Foto: Walder Galvão/G1

Na última segunda-feira (19), a Justiça do DF anulou a condenação contra o jovem. Dois dias depois, veio a ordem que permitiu que ele deixasse o Complexo Penitenciário da Papuda. Ele saiu do presídio na madrugada de quinta e teve que andar por três horas para chegar até a Rodoviária do Plano Piloto.

Após o reencontro com a família, Lucas disse que pretende recuperar o tempo perdido de convivência com o filho, hoje com cinco anos. Ele também pretende entrar na Justiça para conseguir uma indenização junto ao governo do Distrito Federal.

“Pelo fato de ser negro e morar na periferia, você já se torna um suspeito”, afirmou o jovem inocentado.

Leia a íntegra da nota divulgada pela Polícia Civil sobre o caso:

“A respeito do caso envolvendo Lucas Moreira de Souza, acusado de ser o autor de cinco ocorrências de roubo a transeunte e uma ocorrência de tentativa de latrocínio, todas no dia 20/12/2017, em diversos locais do Recanto das Emas, a Polícia Civil do Distrito Federal esclarece que cumpriu todos os procedimentos legais para efetuar a prisão em flagrante do acusado, tanto que foi recebida e ratificada pelo judiciário.

Durante procedimentos investigatórios, policiais civis da 15ª DP diligenciaram na região de Ceilândia e localizaram o suspeito em via pública. Ele foi conduzido até a unidade policial onde foi reconhecido por várias vítimas dos crimes citados anteriormente.

Após ser autuado em flagrante, Lucas foi encaminhado à carceragem da PCDF. Cabe ressaltar que mesmo após a audiência de custódia ele permaneceu preso, visto que houve pedido de prisão preventiva pelo órgão acusador.

O Inquérito Policial foi concluído e remetido ao Poder Judiciário. Esclarece, ainda, que todos os elementos produzidos na fase policial foram repetidos e ratificados em juízo, na presença do advogado do acusado, promotor de justiça e juiz, conforme disposição legal vigente.

Após notícia de prova nova e o devido processo legal, a juíza da Vara de Execuções Penais (VEP) concedeu alvará de soltura para Lucas, na noite dessa quarta-feira (21/10). Ele havia sido condenado nos processos imputados a ele.

A Polícia Civil lamenta o ocorrido e reafirma o compromisso com o Estado Democrático de Direito.”

(G1)

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