Piloto de automobilismo morre por coronavírus e pede para ser cremado e ter as cinzas jogadas no autódromo de Interlagos

Ele mandou mensagem para ex-mulher com o último desejo antes de morrer. Subiu para 164 o número de mortes pelo novo coronavírus no estado de São Paulo.

O piloto de automobilismo César Augusto Visconti, 43 anos, morreu nesta segunda-feira (30) em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, vítima do coronavírus. Ele foi internado dia 26 de março no Hospital São Luís, na cidade, após passar pelo otorrinolaringologista. César deixa a namorada Fernanda e a filha Yasmim, de 15 anos. Ele faria aniversário nesta sexta-feira (3).

A velocidade da doença surpreendeu amigos e familiares dele, mas ele teve tempo de enviar uma última mensagem para a ex-mulher Luara Vida com um último pedido antes de morrer: ser cremado e ter as cinzas jogadas no Autódromo de Interlagos.

“Luara estou indo pro saco mas tenho um pedido. Quero ser cremado e pede para o Antonio e o pessoal da Escola jogar minhas cinzas no Autódromo de Interlagos, o lugar mais importante de minha vida.”

O pedido feito no leito de morte foi enviado para o amigo Antonio de Souza, da Escola de Pilotagem Interlagos. “Luara, estou indo pro saco mas tenho um pedido. Quero ser cremado e pede para o Antonio e o pessoal da Escola jogar minhas cinzas no Autódromo de Interlagos, o lugar mais importante de minha vida.”

“Foi a ex mulher dele que entrou em contato e passou seu pedido. Eles sempre foram muito amigos e tiveram uma filha”, afirmou Antonio. O corpo de César deve ser cremado dentro de dez dias, segundo o amigo.

Luara disse que foram casados por sete anos, e namoraram mais quatro anos. “Ele era muito presente. Apesar de sermos separados, éramos muito amigos. Ele vinha em casa todos os dias. Tive minha segunda filha dia 10 de março e ele acompanhou o parto no hospital.”

Luara afirmou que César começou a se sentir mal dia 16. “Ele começou a ter tosse e febre e parou de vir em casa. Dia 20 ele foi ao otorrino, que o medicou e falou para ficar em casa. No fim de semana ele passou a sentir dor no peito e voltou ao otorrino, que mandou ele ir ao hospital emergencialmente.”

Ela contou que César ligou e disse para que ela cuidasse da filha Yasmim. “Ele sempre foi muito brincalhão. Ele falou que estava indo pro saco e eu falei para ele parar de falar isso. Me fez prometer que cuidaria da nossa filha e que era para eu alugar um carro e jogar as cinzas do corpo dele no autódromo. Eu falei para ele parar de falar isso e mudamos de assunto.”

Luara disse que César ainda estava com celular no hospital quando ligou para ela avisando que seria entubado. “No dia 26 ele piorou e ligou para nos avisar que seria entubado, mas que voltaria três dias depois e que ficaria esse tempo sem entrar em contato e que era para nós não ficarmos preocupados. Foi a última ligação dele.”

O resultado do teste para coronavírus deu positivo. O atestado de óbito consta coronavírus e pneumonia como causas da morte. “Ele era saudável, não fumava, não bebia, era atleta. Ele estava ótimo, feliz. O coração dele era espetacular. Ele era um ótimo pai.”

Luara explicou que o corpo de César saiu do hospital em caixão lacrado e foi levado para o crematório da Vila Alpina. “Tinha muito corpo pra ser cremado, então, nos falaram que era para rezarmos por ele a partir da tarde desta quarta-feira (1º), quando provavelmente seria feita a cremação, que não podemos acompanhar. As cinzas poderão ser retiradas dez dias depois.”

Paixão pelo automobilismo

Antonio disse que César era uma pessoa muito querida pelo pessoal da escola de pilotos. “Não é brincadeira o que estamos passando e precisamos nos resguardar em casa, pois a maioria faz parte de grupo de risco. Estou em casa há três semanas, mas continuo segurando está barra.”

Os amigos entraram em contato com a Federação Paulista de Automobilismo (Fasp) para providenciar a homenagem ao piloto. “Já entrei em contato com a federação e iremos realizar uma cerimôia na primeira prova do Campeonato Paulista de Automobilismo deste ano”, disse Antonio.

Por conta das restrições decorrentes da quarentena do coronavírus, o Autódromo de Interlagos está fechado.

“Ele era um excelente piloto, muito rápido e inteligente. Participou de várias categorias e provas como 500 km e Mil Milhas. Em 2006 e 2007 participou do Campeonato Brasileiro de Marcas na equipe da escola, que tinha como companheiros os pilotos como Nelson Alexandre, Belmiro Jr. e Arthur Bragantini. Ele foi o que subiu no pódio. Ele também correu na equipe do Marcos Paoli na Copa Corsa por dois anos”, disse o amigo.

César além de piloto era instrutor na Escola de Pilotagem Interlagos. “Ele veio fazer o curso quando tinha 20 anos e nunca mais saiu do nosso grupo. Era um dos melhores como instrutor”, disse Antonio.

(G1)

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