Presidente do STF quer evitar tumultos fora e dentro do tribunal no julgamento de Lula

Preocupada com o acirramento dos ânimos no mundo político do país, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, decidiu fazer o pronunciamento divulgado nesta segunda-feira (2) para evitar uma “batalha campal” em frente ao tribunal, e que este clima de tensão acabe se transferindo para o plenário da Corte, que julga nesta quarta-feira (4) o habeas corpus apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em seu pronunciamento, classificado por sua equipe de “chamamento à serenidade”, palavra usada por ela quatro vezes em sua fala, a ministra pede respeito à democracia, à Constituição e às opiniões diferentes. Segundo ela, o país vive “tempos de intolerância e intransigência” e, por isso, o tempo é de pedir serenidade.

A linha da fala de Cármen Lúcia é a de que se pode discordar, pode protestar, pensar diferente, mas não pode partir para a intolerância e violência. A ministra foi alertada para o risco de violência em frente ao tribunal nesta quarta, por causa dos protestos programados tanto por adversários como apoiadores do ex-presidente Lula. A segurança vai separar os dois grupos.

A presidente do STF usou seu pronunciamento para também mandar um recado interno para seus colegas, que têm protagonizado bate-bocas no plenário. Na avaliação dela, num julgamento da importância desta quarta, a repetição dessas cenas estimulariam ainda mais o acirramento dos ânimos no país dos grupos a favor e contra Lula.

Ao decidir pela fala, Cármen Lúcia mandou recados, indiretamente, para todos os grupos, mirando o cenário recente de tensão na política brasileira. Em curto espaço de tempo, familiares do ministro Edson Fachin receberam ameaças, ônibus da caravana de Lula no Sul do país foram alvo de tiros e o ministro Luís Roberto Barroso foi criticado duramente pela equipe de Temer por tomar decisões que desagradam o Palácio do Planalto.

O julgamento do habeas corpus de Lula é esperado com preocupação pelos investigadores da Operação Lava Jato. Na avaliação deles, caso o STF mude sua jurisprudência atual, que permite a execução imediata de sentença após condenação em segunda instância, as investigações serão prejudicadas, colocando em risco o futuro da Lava Jato.

(G1)

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