Protocolo do governo sugere cloroquina em casos leves
O Ministério da Saúde divulgou hoje um protocolo para aplicação da cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes em todos os casos, inclusive os com sintomas leves, para tratar do novo coronavírus.
O protocolo, que sugere a combinação dos dois medicamentos com azitromicina, é uma orientação para a rede pública de saúde. O uso do medicamento é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e foi o principal ponto de divergência com o ex-ministro da Saúde Nelson Teich, que deixou o cargo na semana passada. O protocolo foi publicado no momento em que o ministério é comandado interinamente pelo general Eduardo Pazuello.
Segundo o protocolo, “a prescrição de todo e qualquer medicamento é prerrogativa do médico”. Médicos da rede pública temem pressão pelo uso da cloroquina. O texto também diz que o paciente vai ter que assinar o termo de consentimento a respeito da aplicação de cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento. O termo indica que “a cloroquina e a hidroxicloroquina podem causar efeitos colaterais”, citando disfunção cardíaca e alterações visuais, por exemplo. Os dois remédios têm formulações diferentes, mas que levam a mesma substância, a cloroquina. Os benefícios clínicos são parecidos, mas os efeitos adversos não. A hidroxicloroquina é considerada um pouco mais segura, com menos efeitos colaterais. O termo de consentimento salienta que “não há, até o momento, estudos demonstrando melhora clínica dos pacientes com covid-19 quando tratados com hidroxicloroquina”.
Sintomas leves e protocolo Entre os sintomas leves listados pelo governo, estão coriza, diarreia, dor abdominal, febre, tosse, entre outros. A aplicação indicada da cloroquina é de 450 miligramas a cada doze horas no primeiro dia. A mesma quantidade poderá ser usada a cada 24 horas do segundo ao quinto dia de tratamento. O medicamento deverá ser usado junto com a azitromicina, com uma dose de 500 miligramas, uma vez ao dia, por cinco dias. Nos casos leves, não está prevista a internação do paciente. Outra possibilidade de tratamento para sintomas leves indicada pelo protocolo é combinar a azitromicina com sulfato de hidroxicloroquina. A dose seria aplicada nos mesmos períodos da cloroquina, mas em uma quantidade menor, de 400 miligramas. O protocolo também aponta o mesmo uso desses medicamentos para sintomas moderados, como tosse e febre persistentes. Ministério quer evitar “autoprescrição” Para a pasta, a “autoprescrição” de medicamentos “pode resultar em prejuízos a saúde e/ou redução da oferta para pessoas com indicação precisa para o seu uso”. A cloroquina é um remédio usado para o tratamento de doenças como lúpus e malária. Alguns pacientes com lúpus temiam a falta do medicamento em razão de uma corrida em busca do medicamento. O ministério indica que o protocolo foi feito “considerando a existência de diversos estudos e a larga experiência do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina” no tratamento dessas doenças. E diz que “não existe, até o momento, outro tratamento eficaz disponível para a covid-19”. No texto, o Ministério da Saúde diz que, “até o momento, não existem evidências científicas robustas que possibilitem a indicação de terapia farmacológica específica para a covid-19”. O protocolo diz que “existem muitos medicamentos em teste, com muitos resultados sendo divulgados diariamente”. “E vários destes medicamentos têm sido promissores em testes de laboratório e por observação clínica, mesmo com ainda muitos ensaios clínicos em análise”. UOL