Moro se filia ao União Brasil e diz abrir mão de candidatura a presidente
O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro reconheceu hoje que desistiu, “nesse momento”, de disputar a Presidência da República. Em nota publicada em suas redes sociais, Moro confirmou que se filiou ao União Brasil e que não deverá concorrer ao Planalto em outubro. “Para ingressar no novo partido, abro mão, nesse momento, da pré-candidatura presidencial e serei um soldado da democracia para recuperar o sonho de um Brasil melhor”, escreveu o ex-magistrado, que se opõe ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (PL). As informações são do UOL.
O Podemos, que se preparava para a campanha, afirmou que ficou sabendo pela imprensa da saída dele do partido. “Para a surpresa de todos, tanto a Executiva Nacional quanto os parlamentares souberam via imprensa da nova filiação de Moro, sem sequer uma comunicação interna do ex-presidenciável”, reclamou a sigla, em nota divulgada no início da noite.
Há a expectativa de que Moro passe a mirar uma vaga na Câmara dos Deputados por São Paulo, no novo partido, mas ele não tratou do assunto no comunicado. O ex-magistrado afirmou apenas que vai contribuir na busca por uma candidatura de terceira via à Presidência. Moro fez a troca de legenda no penúltimo dia da janela partidária, que se encerra amanhã. Até então, o ex-ministro da Justiça estava filiado ao Podemos e vinha oscilando entre a 3ª e a 4ª colocação nas pesquisas para Presidente, sem chegar a alcançar dois dígitos de intenção de voto.
Um dos motivos para a saída de Moro do Podemos teria sido financeiro. A presidente nacional da legenda, Renata Abreu, não estaria disposta a investir o dinheiro do partido em uma campanha presidencial, bem mais cara que as locais.
O Podemos terá, neste ano, a 11ª maior fatia do fundo partidário, com cerca de R$ 187 milhões. O União, por sua vez, receberá mais que o quádruplo: R$ 770 milhões. A legenda foi a maior beneficiada com a aprovação do novo fundão de R$ 4,9 bilhões, que foi estipulado pelo Congresso, aprovado por Bolsonaro e validado pelo STF.
Oficialmente, o partido afirma que deu a Moro “total garantia de recursos” para a campanha de 2022. “O Podemos não tem a grandeza financeira daqueles que detém os maiores fundos partidários, como é sabido por todos”, disse a legenda em nota. Lideranças do União Brasil já haviam manifestado contrariedade à ideia de que Moro disputasse a presidência pelo partido. O secretário-geral da legenda, ACM Neto, havia afirmado mais cedo que Moro não poderá disputar a Presidência da República pela sigla.
“Caso seja do interesse de Moro construir uma candidatura em São Paulo pela legenda, o ex-ministro será muito bem-vindo. Mas, neste momento, não há hipótese de concordarmos com sua pré-candidatura presidencial pelo partido”, afirmou ACM Neto, em nota. Moro declarou em sua nota que aceitou o convite do presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), para “facilitar as negociações das forças políticas de centro democrático em busca de uma candidatura presidencial única”, mas não confirmou que cargo deverá disputar.
“O Sergio assinou a ficha (de filiação), e agora é a gente somar esforços com relação àquilo que vai determinar o estilo do país”, disse o vice-presidente do União Brasil em São Paulo, o deputado federal Júnior Bozzella (União-SP), em coletiva de imprensa. “O Brasil precisa de uma alternativa que livre o país dos extremos, da instabilidade e da radicalização. Por isso, aceitei o convite do presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, para me filiar ao partido e, assim, facilitar as negociações das forças políticas de centro democrático em busca de uma candidatura presidencial única”, ele começou.
A troca de legenda foi comunicada à direção do Podemos, a quem agradeço todo o apoio. Para ingressar no novo partido, abro mão, nesse momento, da pré-candidatura presidencial e serei um soldado da democracia para recuperar o sonho de um Brasil melhor.
