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Alunos dizem que são ‘carimbados’ para não repetir merenda em escola pública, no DF

Jovens dizem que unidade não tem comida para todos e, por isso, só podem comer uma vez. Diretor da instituição afirma que situação foi pontual; Secretaria de Educação nega falta de lanche.

Alunos do Centro Educacional (CED) 3 de Planaltina, no Distrito Federal, afirmam que estão recebendo carimbo nas mãos para marcar quem já comeu e quem ainda não recebeu a merenda. Segundo eles, o objetivo é impedir que os estudantes repitam a refeição (veja relatos abaixo).

À TV Globo, o diretor da escola confirmou a situação, mas disse que só ocorreu um dia. Ele afirmou que um professor achou prudente carimbar porque, quando muitos alunos repetem, outros não têm tempo de lanchar. O gestor afirmou que, assim que soube da medida, mandou suspender o uso do carimbo.

“O fato aconteceu na sexta-feira passada e na segunda-feira, quando eu cheguei, recebi uma [reclamação] na Ouvidoria. Quando fiz levantamento, o professor disse que tinha feito e eu falei ‘rapaz, não faça mais isso'”, diz o diretor Ronaldo Victor dos Santos.

Já a Secretaria de Educação disse que o CED 3 oferece um cardápio balanceado e nutritivo para os alunos, e que há merenda suficiente para todos. “No entanto, existem cardápios mais apreciados pelos estudantes, como o arroz com frango, por exemplo, em que eles desejam comer mais”, declarou a pasta, em nota.

Relatos

Segundo alunos ouvidos pela reportagem, a prática ocorre há cerca de duas semanas. Uma estudante da instituição reafirmou que, às vezes, a escola impede que eles repitam o prato pela falta de lanche.

“Eles chegaram a carimbar para a gente ficar marcado e eles saberem quem foi que lanchou. Não é suficiente para todos os alunos. Chega até gente a ficar sem comer”, afirma a estudante.

Um outro aluno contou que os estudantes podem ser impedidos de receber o alimento, caso não permitam que a mão seja carimbada. “Tem vezes que a fila está ‘grandona’ e a comida acaba. Só se carimbar que pode pegar”, afirma.

Outros estudantes ouvidos pela reportagem disseram não ver problema na adoção do carimbo. Segundo eles, a medida garantia que todo mundo recebesse a merenda dentro do tempo de intervalo. Eles contaram que muitos colegas furam fila para repetir a refeição, e acabam entrando na frente de quem ainda não lanchou.

O diretor do Sindicato dos Professores no DF (Sinpro-DF) Samuel Fernandes afirma que, muitas vezes, a única refeição dos alunos é a feita na escola.

“Muitas famílias estão desempregadas e muitos estudantes não têm o que comer em casa. O governo deveria garantir a alimentação de qualidade, em quantidade suficiente para esses alunos. De barriga vazia, não tem como ter aprendizagem”, destaca Fernandes.

(G1)

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