Como funcionará o sistema de energia nuclear comercial que a Nasa quer instalar na Lua
Parcerias com empresas privadas preveem reator de 100 quilowatts operando no satélite até 2029, com venda de energia a clientes.
As informações são do R7 Internacional – Foto: Divulgação/Nasa
A Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, planeja instalar um sistema de energia nuclear na Lua com foco em parcerias comerciais. O lançamento está previsto até o final de 2029.
A iniciativa, chamada de Projeto de Energia de Superfície de Fissão (FSP), busca desenvolver um reator nuclear capaz de gerar pelo menos 100 quilowatts de energia elétrica, o suficiente para abastecer cerca de 80 residências norte-americanas.
No último dia 29 de agosto, a agência divulgou um rascunho de Anúncio de Propostas de Parceria (AFPP) – um mecanismo para solicitar contribuições, geralmente público-privadas – para coletar contribuições da indústria e finalizar os planos.
A iniciativa segue uma diretriz assinada em 30 de julho pelo administrador interino da Nasa, Sean Duffy, que busca acelerar o desenvolvimento de energia nuclear lunar por meio de parcerias público-privadas, utilizando Acordos da Lei Espacial.
O que se sabe
O reator será instalado na região polar sul da Lua e deve operar por pelo menos 10 anos. Ele usará um sistema de conversão de energia em ciclo Brayton fechado, uma tecnologia que, segundo especialistas do setor, permite aumentar a potência no futuro.
Um dos pontos centrais do projeto é a comercialização. As empresas selecionadas serão proprietárias do reator e venderão energia como serviço para a Nasa e outros clientes, como empresas privadas ou agências internacionais.
Para isso, os proponentes devem apresentar um “Plano de Negócios de Energia Lunar Comercial”, detalhando estratégias, clientes potenciais e o tamanho do mercado, que obrigatoriamente deve incluir clientes além da Nasa.
Além disso, é necessário um plano de financiamento que mostre como os custos de desenvolvimento e implantação serão cobertos. O rascunho do AFPP não detalha o valor do financiamento, que só deve ser divulgado na versão final, prevista para 3 de outubro. As concessões devem ocorrer em março de 2026.
Corrida espacial
A iniciativa faz parte dos esforços intensificados pelos EUA para construir um reator nuclear na superfície da Lua antes da China e da Rússia, que pretendem operar uma usina no satélite natural até 2036.
Sean Duffy disse ao jornal The New York Times que, caso cheguem antes, esses países poderiam “declarar uma zona de exclusão” na Lua, limitando as atividades dos EUA. “Se forem os primeiros, China e Rússia poderiam potencialmente inibir o que os Estados Unidos poderiam fazer lá”, afirmou.
EUA, China e Rússia são seguidos pela Índia e pelo Japão na corrida para se estabelecer uma presença na superfície da Lua, incluindo planos de assentamentos humanos permanentes.
Por que um reator nuclear?
A energia nuclear é vista como uma solução crucial para superar os desafios da Lua, onde um dia lunar equivale a quatro semanas terrestres — duas semanas de luz solar contínua e duas de escuridão total.
Esse ciclo torna o uso exclusivo de painéis solares e baterias inviável, especialmente na região polar sul, uma área de interesse estratégico para a Nasa e para a parceria sino-russa. Nessa região, o sol nunca está alto no horizonte, e algumas crateras permanecem permanentemente na sombra, dificultando a geração de energia solar.
A ideia de um reator nuclear na Lua não é nova. Em 2022, a Nasa já havia concedido três contratos de US$ 5 milhões a empresas para desenvolver projetos de reatores menores, com capacidade de 40 quilowatts e peso inferior a seis toneladas.
A nova diretiva, no entanto, eleva o escopo e a urgência, exigindo um reator mais potente e um cronograma mais apertado.
O programa Artemis, que marca o retorno da Nasa à Lua com um pouso tripulado previsto para 2027, é considerado otimista por especialistas. Componentes essenciais, como o módulo lunar Starship, da SpaceX, ainda não foram testados em condições reais.
Além disso, o governo Trump tem priorizado voos tripulados, promovendo cortes em áreas como sondas robóticas, pesquisas climáticas e tecnologias de aviação, o que pode limitar os recursos disponíveis, segundo o The New York Times.
Perguntas e Respostas
Qual é o objetivo do sistema de energia nuclear que a NASA planeja instalar na Lua?
A NASA planeja instalar um sistema de energia nuclear na Lua com foco em parcerias comerciais, com o lançamento previsto até o final de 2029. O projeto, chamado de Projeto de Energia de Superfície de Fissão (FSP), visa desenvolver um reator nuclear capaz de gerar pelo menos 100 quilowatts de energia elétrica.
Como funcionará o reator nuclear na Lua?
O reator será instalado na região polar sul da Lua e deve operar por pelo menos 10 anos. Ele utilizará um sistema de conversão de energia em ciclo Brayton fechado, uma tecnologia que pode aumentar a potência no futuro.
Qual é o papel das empresas privadas nesse projeto?
As empresas selecionadas para o projeto serão proprietárias do reator e venderão energia como serviço para a NASA e outros clientes, incluindo empresas privadas e agências internacionais. Os proponentes devem apresentar um “Plano de Negócios de Energia Lunar Comercial” detalhando estratégias e clientes potenciais.
Quais são os requisitos para as empresas que desejam participar do projeto?
As empresas devem apresentar um plano de financiamento que mostre como os custos de desenvolvimento e implantação serão cobertos. O rascunho do Anúncio de Propostas de Parceria (AFPP) não detalha o valor do financiamento, que será divulgado na versão final, prevista para 3 de outubro.
Qual é a importância da energia nuclear para a exploração lunar?
A energia nuclear é vista como uma solução crucial para superar os desafios da Lua, onde um dia lunar equivale a quatro semanas terrestres. Esse ciclo torna inviável o uso exclusivo de painéis solares e baterias, especialmente na região polar sul, onde a luz solar é limitada.
Como a corrida espacial entre os EUA, China e Rússia influencia o projeto?
A iniciativa da NASA faz parte dos esforços para construir um reator nuclear na Lua antes que China e Rússia, que pretendem operar uma usina no satélite até 2036. Sean Duffy, administrador interino da NASA, alertou que se esses países chegarem primeiro, podem declarar uma zona de exclusão na Lua, limitando as atividades dos EUA.
Quais foram os passos anteriores da NASA em relação a reatores nucleares na Lua?
Em 2022, a NASA já havia concedido três contratos de US$ 5 milhões a empresas para desenvolver projetos de reatores menores, com capacidade de 40 quilowatts. A nova diretiva exige um reator mais potente e um cronograma mais apertado.
Qual é a relação do projeto com o programa Artemis?
O programa Artemis marca o retorno da NASA à Lua, com um pouso tripulado previsto para 2027. No entanto, especialistas consideram o cronograma otimista, pois componentes essenciais ainda não foram testados em condições reais.