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Nota de Antony e Gabriel expõe exageros do público

A recente decisão da dupla sertaneja Antony e Gabriel de não permitir mais o acesso de mães com bebês reborn ao camarim causou alvoroço nas redes sociais. Mas, ao contrário do que muitos pensam, talvez a crítica mais urgente não deva ser dirigida aos artistas — mas sim a algumas pessoas que têm perdido o senso do razoável em busca de atenção ou validação.

Bebês reborn têm seu espaço e utilidade, principalmente em contextos terapêuticos. São usados por mulheres em luto, por pessoas com questões emocionais, ou mesmo por colecionadores. Mas levá-los a um camarim de show, alegando que são filhos que “sabem todas as músicas”, ultrapassa uma linha tênue entre o afeto simbólico e o desrespeito com a realidade.

Não se trata de julgar quem tem um bebê reborn, mas de perceber que há espaços e contextos apropriados para tudo. A atitude de quem simula uma maternidade com um boneco em um espaço destinado ao acolhimento de mães reais e seus filhos vivos — que choram, se assustam, sorriem — beira a encenação absurda. E acaba tirando lugar de quem realmente precisa.

A dupla, como qualquer artista, tem o direito de organizar seus bastidores com equilíbrio e respeito. E se o caso narrado realmente gerou constrangimento, talvez o problema não tenha sido a presença do boneco em si — mas a falta de noção de quem o levou para um ambiente que exige sensibilidade, não performance.

O culto à atenção, nas redes e fora delas, tem feito algumas pessoas perderem o critério. O afeto simbólico é legítimo, mas ele não pode se sobrepor à realidade de outras pessoas. Que saibamos usar o bom senso. E que empatia não vire espetáculo

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