GERALSÃO CARLOS

Orçamento da UFSCar de R$ 70,9 milhões é o maior em 7 anos, mas ainda é deficitário, diz reitora

Despesas básicas da universidade somam R$ 75,8 milhões. Reajuste também não chegou ao programa de auxílio estudantil.

Após um 2022 cheio de contingências no orçamento, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) começou 2023 com uma realidade orçamentária mais tranquila. Foram disponibilizados para a universidade pelo governo federal R$ 70.897.329, sendo R$ 68,322.187 para custeio e R$ 2,575.142 para investimentos. As informações são do G1.

O novo valor representa um aumento de 37,88% em relação ao ano passado. É o maior orçamento dos últimos sete anos, mas mesmo com o aporte de R$ 20 milhões a mais, a reitoria da UFSCar diz que o orçamento não é suficiente para as despesas básicas previstas para este ano, que é de R$ 75,8 milhões.

Estão de fora dessa conta despesas que foram cortadas nos anos anteriores e ainda não foram retomadas financiamento de viagens didáticas, atualização de laboratórios de ensino e manutenção predial.

“Com o acúmulo de recessão orçamentária desde 2017, o que tivemos esse ano de recomposição ainda é insuficiente. Na nossa avaliação ainda faltam cerca de R$ 5 milhões, sem contar com recursos de investimentos que atenderiam as demandas de infraestrutura”, afirmou a reitora Ana Beatriz de Oliveira.

Parte do déficit deste ano é causada por dívidas de 2022 que precisaram ser negociadas. A universidade terminou o ano devendo R$ 2,8 milhões em contas de água e luz, devido às dificuldades orçamentárias do último ciclo, que foram saldados no início deste ano com recursos de 2023.

Em 2021, o orçamento da UFSCar chegou ao pior patamar desde 2009, com apenas R$ 40 milhões. Os compromissos só foram cumpridos porque as aulas estavam sendo realizadas de forma remota por conta das restrições da pandemia.

No ano passado, com a retomada das aulas presenciais, o orçamento da UFSCar teve o primeiro aumento depois de oito anos de queda. Foi anunciado R$ 51 milhões para as despesas, mas nem todo dinheiro chegou à conta da universidade devido a uma sequência de contingenciamentos ao longo do ano. Com isso, a universidade fechou o ano no vermelho.

Em novembro, o então presidente eleito Lula negociou na PEC da transição uma recomposição orçamentária para as universidades e institutos federais, na ordem de R$ 2,4 bilhões, que ajudaram a melhorar o orçamento deste ano.

À UFSCar coube R$ 10,2 milhões desse total e os recursos que estavam no MEC desde a aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) foram liberados em abril.

Mesmo com a recomposição do orçamento, os valores não são comparáveis ao que a universidade recebia na década passada.

Além de ter mais despesas – ao longo dos últimos 10 anos, a UFSCar abriu um novo campus em Buri (Lagoa do Sino) e aumentou o número de alunos de graduação e pós-graduação – o poder de compra do orçamento foi deteriorado pela inflação.

Um estudo feito pela reitoria mostrou que em 2023 a UFSCar trabalha com 45,57% dos recursos que dispunha para custeio em 2013.

Em relação aos investimentos a situação é ainda mais preocupante: hoje a UFSCar tem apenas 1,64% dos recursos que dispunha há 10 anos para fazer a universidade se desenvolver.

Diante da situação, a reitora espera que com a entrada do novo governo, a universidade retome e seu poder de investimento na educação que presta.

“O governo atual já deu vários indícios de que a educação é prioritária. Nossa expectativa é que haja algum plano de retomada de crescimento que envolva investimento em infraestrutura e que a retomada da economia nesse ano garanta um orçamento mais adequado no ano que vem”, disse Ana Beatriz.

Outro problema da recomposição orçamentária é que ela não chegou aos programas de manutenção estudantil.

Com a liberação dos recursos em abril, a UFSCar anunciou um reajuste de R$ 100 nas bolsas estudantis internas de monitoria e tutoria e extensão, mas as bolsas do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), como auxílio moradia e auxílio ao café da manhã não sofreram alteração.

Do total destino ao custeio da UFSCar, R$ 10,04 milhões são destinados ao PNAES, o mesmo valor do ano passado e de anos anteriores.

“Há uma dificuldade dos alunos se manterem na universidade porque a inflação corroeu o poder de compra dessas bolsas. E estamos com problemas de atração dos estudantes e a há uma avaliação preliminar de que os cotistas estão com dificuldade de vir para universidade.”

Neste ano, a UFSCar lançou um edital para 554 vagas remanescentes que não foram preenchidas nas chamadas dos classificados pelo Sisu.

“Há uma dificuldade das famílias mobilizarem recursos para os estudantes se deslocarem das suas cidades para as cidades onde as universidades têm os campi. Isso é muito preocupante. A gente tem uma juventude que não está conseguindo chegar à universidade, mesmo tendo as vagas”, analisa a reitora da UFSCar.

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