Paciente canta e toca violão durante cirurgia para retirar tumor cerebral; Vídeo

Imagine um paciente que canta e toca violão durante sua cirurgia para retirar um tumor cerebral. O músico Maurício Stemberg, de 55 anos, fez isso a pedido dos médicos para garantir que áreas importantes do cérebro fossem preservadas enquanto a equipe trabalhava.

De repente o silêncio do centro cirúrgico do Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR) se transformou em palco com melodias, acordes e a voz forte do Maurício Stemberg, cantando deitado na mesa cirúrgica, cheio de fios e cateteres e com a cirurgia em curso. (vídeo abaixo)

Depois de sete horas na mesa de operação e recuperado, o produtor cultural falou com o Só Notícia Boa e disse que ganhou mais fé, confiança, e e amor pela música. “A música sempre foi minha terapia e minha forma de expressar meus sentimentos. De hoje em diante, ela se torna também uma ferramenta de cura, e estou ansioso para levá-la ao mundo de uma maneira completamente nova”, afirmou Maurício.

“A música me dá forças”

Maurício escolheu para cantar durante a cirurgia primeiro uma canção composta por ele, depois um clássico da Alcione.

Bem-humorado, ele foi aplaudido pela equipe durante a “apresentação”.

“A música me dá forças para superar qualquer obstáculo e poder tocar durante a cirurgia trouxe um novo significado para a minha carreira”, afirmou ele.

O tumor cerebral

Antes da cirurgia, o paciente sofreu com vários sintomas até o diagnóstico de tumor cerebral.

“Os primeiros sintomas foram confundidos com cansaço, até que convulsões e desmaios acenderam o sinal de alerta e me trouxeram até o hospital”, recordou Maurício.

A cirurgia foi realizada no último dia 26 e mais da metade do tempo Maurício se manteve acordado.

A combinação entre arte e ciência foi perfeita no caso de Maurício diante da humanização da medicina, como prevê a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Durante a cirurgia do paciente com tumor cerebral, médicos, enfermeiros, técnicos e instrumentadores testemunharam os efeitos desta combinação.

“A participação ativa do paciente preencheu o silêncio do centro cirúrgico com música, e foi emocionante demais acompanhar de perto essa orquestra: a operação em andamento e o paciente realizando um verdadeiro show”, disse a técnica de enfermagem que auxiliou a cirurgia Daniele Alves ao Só Notícia Boa.

Filho de cantor

Maurício é filho de um cantor e, aos 7 anos, sabia tocar violão e logo começou a também soltar a voz.

A mulher do paciente, Sonia Stemberg, disse que o grande amor dele é a música, sem sombra de dúvidas.

“O Maurício é a própria música. Quando olho para ele, vejo uma nota musical”, resumiu ela.

Apaixonado por melodias, Maurício, segundo a mulher, tem uma confiança sem igual na música e na força dela.

“Ele sempre acreditou que a música é uma força transformadora, e agora, essa mesma música se tornou uma aliada importante”, afirmou Sonia.

A complexidade de uma neurocirurgia

O neurocirurgião Carlos Alberto Mattozo foi o responsável pela cirurgia.

Segundo o médico, em casos como o de Maurício, a complexidade do tumor na localização em uma área diretamente relacionada aos mecanismos da linguagem.

O especialista ressaltou que, como o paciente trabalha com música diariamente, realizar atividades que fazem parte de sua rotina se mostrou essencial para preservar as funções.

“Logo que o paciente soube que precisaria passar por uma cirurgia no cérebro, ficou preocupado com o impacto que isso poderia ter em suas habilidades musicais, o que foi decisivo para realizarmos o procedimento com o Maurício tocando o violão”, relembrou o médico.

Etapas da cirurgia

O neurocirurgião disse que, inicialmente, o paciente é sedado e dorme na primeira parte da cirurgia.

Neste momento é feita a chamada neuronavegação, com um sistema computadorizado e de luz infravermelha que auxilia na localização intraoperatória, a incisão e a abertura do crânio.

Em seguida, a medicação é diminuída e o paciente é despertado.

A partir desse ponto, o paciente fica apto a responder a todas as perguntas do médico durante o procedimento cirúrgico e executar ações, como tocar, cantar e conversar.

“Normalmente, o paciente é acordado durante o procedimento para fazer testes e verificar se há desenvolvimento de alguma alteração ou lesão neurológica”, disse o médico.

Maurício recuperado

Menos de 48 horas após o fim da cirurgia, o paciente deixou o hospital com o violão em mãos e pronto para novos começos. Ele agradeceu:

“Depois de passar por tudo isso, entendi que realmente Deus escreve certo por linhas tortas. Hoje, sem nenhuma sequela, carrego uma gratidão imensa pelo cuidado médico e pelo atendimento do hospital”, concluiu o produtor musical. As informações são do Só Notícia Boa.

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