DiversosGERAL

Estudante de medicina que ficou em estado vegetativo após cirurgia sai de casa pela 1ª vez; família busca tratamento na Justiça

Quase três meses depois de ter voltado para casa em tratamento de home care, Larissa Carvalho saiu para fazer um exame de encefalograma .’Ficamos apreensivos’, diz pai.

Larissa Moraes de Carvalho deixou a Santa Casa e está em tratamento domiciliar em Juiz de Fora — Foto: Arquivo Pessoal

Quase três meses após ter voltado para casa em tratamento de home care, Larissa Carvalho, estudante de medicina, de 31 anos, que ficou em estado vegetativo depois de uma cirurgia para corrigir a mandíbula e o maxilar, saiu pela primeira vez da residência para realizar um exame de encefalograma.

Ao g1, o pai da jovem, Ricardo Carvalho, contou que o processo foi delicado e precisou de ‘muitas mãos’. Ela foi transportada até a clínica em uma ambulância UTI com enfermeiro, médico, enfermeira técnica que a acompanha diariamente, além da mãe dela.

“Apesar do processo ter sido tranquilo e durado cerca de 3 horas, ficamos todos apreensivos com a primeira saída da Larissa de casa. Observamos que ela também ficou, os membros ficaram mais rígidos que o normal”, disse.

Família luta na Justiça por tratamento

Há 8 meses a família aguarda a liberação da Justiça para conseguir um tratamento de neuromodulação para a jovem através do plano de saúde. O valor total do investimento chega a R$ 406.560 em um ano.

Segundo o pai da jovem, o pedido da técnica foi feito em junho de 2023 pela médica que acompanhou Larissa desde o pós-operatório, quando teve a intercorrência.

“O plano negou o pedido da médica alegando que não estava no rol de tratamento”, contou Ricardo. A família não encontrou outra alternativa a não ser entrar com um pedido na Justiça em setembro do ano passado, solicitando a liberação do plano para que Larissa conseguisse a neuromodulação.

“Foi negado em primeira instância e só nos restou recorrer ao TJMG. Em fevereiro entramos com a apelação, vimos que o processo estava parado, até meados de março, a apelação não tinha seguido para o tribunal. Então nosso advogado entrou com pedido de agilização do processo”, disse.

A reportagem entrou em contato com o TJMG para saber mais sobre o processo, que informou que o mesmo tramita em segredo de Justiça. O g1 também tenta resposta do Saúde Servidor, plano de saúde usado por Larissa.

‘É o direito da minha filha’

O valor total do tratamento intensivo por 12 meses é de R$ 406.560 e a família não tem como pagar. “Não sabemos por quanto tempo ela iria precisar da neuromodulação, não temos condições”, explicou o pai.

O pai de Larissa reforça que buscou diversos especialistas, e que a neuromodulação é a abordagem médica mais moderna recomendada para o caso dela.

“Tudo o que está no nosso alcance está sendo feito, mas isso ultrapassa o que podemos fazer”.

A apelação foi enviada para o Tribunal de Belo Horizonte e a família segue esperando pelo desfecho desta história, segundo Ricardo.

“A gente aguarda a justiça, continuamos com esperança, é nossa única escolha. Mas não podemos ficar todo esse tempo sem resposta. É o direito da minha filha”.

Relembre o caso

A juiz-forana teve uma parada cardiorrespiratória durante uma internação de uma cirurgia ortognática, procedimento para corrigir alterações de crescimento dos maxilares e mandíbulas. A família percebeu a filha em parada cardiorrespiratória ainda na maca, ao voltar para o quarto.

Conforme a família, o prontuário médico da jovem indica que ela teria saído da sala de Recuperação Pós-anestésica (RPA) às 17h45, sendo direcionada ao quarto do 9º andar da unidade, chegando lá por volta das 18h02, já em parada cardiorrespiratória. Neste intervalo de 17 minutos, ninguém havia identificado que algo estava errado com a paciente.

O hospital, o médico-cirurgião e o médico anestesista são investigados no caso, após duas perícias particulares, contratadas pela família, apontarem possíveis falhas no procedimento.

A Santa Casa de Misericórdia disse que não vai se pronunciar sobre o assunto. O escritório que cuida da defesa da instituição foi procurado, mas não retornou contato. Já o Conselho Regional de Medicina disse que “todas as denúncias recebidas, formais e de ofício, são apuradas, sendo respeitada a ampla defesa e o contraditório”.

O g1 não conseguiu contato com a defesa dos médicos investigados. As informações são do G1.

Foto: Arquivo Pessoal

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

FbMessenger