Moradores fazem ‘lockdown’ em comunidade para proteger idosos da Covid: ‘Proibindo a entrada de estranhos’

Assentamento Araras, em Amarante, no Piauí, existe há mais de 20 anos. No local, 75 famílias montaram uma barreira com um cartaz comunicando sobre restrições para entrar. Arames farpados também foram usados.

Para evitar a contaminação pelo novo coronavírus, moradores do assentamento Araras, no município Amarante, a 127 km de Teresina, fizeram um ”lockdown” improvisado para proteger cerca de 50 idosos e outras pessoas do grupo de risco da comunidade. Segundo eles, a medida tem impedido a entrada de estranhos. Na entrada, uma cerca de arames farpados foi montada.

“Lockdown” é uma expressão em inglês que na pandemia de Covid-19 significa “bloqueio total”, uma ação mais radical para limitar a circulação de pessoas. No Piauí, ainda não há esse tipo de medida enérgica.

Segundo a técnica em enfermagem do assentamento, Carmem Pereira, de 45 anos, moradora da comunidade há 16 anos, no local moram 75 famílias, cerca de 50 idosos, 90 crianças, além de pessoas com diabetes e em tratamento de hemodiálise.

Moradores montam barreira humana para prevenir comunidade no Piauí do coronavírus — Foto: Arquivo Pessoal/Carmem Pereira

“Fechamos todo o assentamento com arame farpado e colocamos moradores em pontos estratégicos para evitar a entrada de pessoas estranhas na comunidade. Eles seguram cartazes informando a proibição e pedindo para que fiquem em casa”, disse.

No comunicado, o cartaz dá o seguinte aviso: “Comunicamos a todos que estamos proibindo a entrada de estranhos em nossa comunidade devido à pandemia de Covid-19. Aos casos de exceção, por favor usem máscaras. Gratos pela compreensão #FiquemEmCasa”.

De acordo com Carmem, cerca de cinco a seis pessoas, incluindo mulheres, ficam 24 horas por dia de plantão na barreira. Só é permitido a entrada de profissionais da saúde, segurança e justiça, desde que estejam usando máscara.

Cartaz explica a proibição da entrada de estranho em assentamento no Piauí — Foto: Arquivo Pessoal/Carmem Pereira

“Eles fazem o revezamento, todos devidamente protegidos usando as máscaras. Tudo com o objetivo de manter a ordem”, informou.

A moradora explicou que a comunidade existe há mais de 20 anos e produz mandioca, milho, feijão, para consumo próprio e também para comercialização, mas atualmente tem se mantido através do auxílio do Governo Federal e de doações de cestas básicas.

Moradores revezam barreira humana para evitar acesso em assentamento no Piauí — Foto: Arquivo Pessoal/Carmem Pereira

“As mulheres têm barracas nas rodovias para venderem os produtos, mas devido à pandemia nossas atividades estão paradas, não estamos comercializando”, explicou a moradora.

Até o momento não há nenhum caso suspeito ou confirmado da Covid-19 na comunidade.

(G1)

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