Uma pessoa pode transmitir HIV horas após ser contagiada

De acordo com o Ministério da Saúde, 135 mil brasileiros vivem com o vírus sem saber; desinformação e medo impedem diagnóstico, segundo especialista

O Ministério da Saúde estima que 135 mil brasileiros vivem com HIV sem saber. Na maioria dos casos, o vírus causador da aids não apresenta sintomas. Apesar disso, pode ser transmitido poucas horas após o contágio, segundo o infectologista Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, membro da diretoria da Sociedade Paulista de Infectologia.

“É uma infecção assintomática. A maior parte [das pessoas] só vai descobrir se fizer o exame para detecção do HIV”, afirma Stanislau. “Se alguém não fez o exame, pode ser que o quadro evolua depois de anos e a doença [aids] se manifeste”, completa.

Todos que têm vida sexual ativa podem estar expostos ao vírus. “A falta de conhecimento, o fato de não se julgar vulnerável e o medo de descobrir que tem HIV” são o que fazem com que as pessoas vivam tanto tempo com o vírus sem saber, afirma o especialista.

Ele ressalta que quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais rápido será o tratamento e, assim, é possível dar mais qualidade de vida à pessoa.

A infecção por HIV cresce mais entre os jovens. A maioria ocorre na entre os 20 e 34 anos de idade, segundo o ministério: 18,2 mil novos casos registrados em 2018 foram nessa faixa etária – o total de notificações foi de 43,9 mil.

“Eles são vítimas dessa falta de informação. A maneira mais correta de combater [HIV/aids] é falar sobre educação sexual”, alerta Stanislau.

Existem várias maneiras de diagnosticar a infecção. Uma delas é o teste anti-HIV, que detecta a presença de anticorpos contra o vírus e é oferecido gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Ele é feito a partir da coleta de sangue ou de fluídos orais – existem testes rápidos, com resultado em cerca de 30 minutos.

“O exame de sorologia a partir da saliva pode até ser feito em casa. Mas sempre é obrigatório repetir o teste. Existe um fluxo de diagnóstico estabelecido pelo ministério que exige dois exames”, esclarece o infectologista.

Em qualquer caso, a infecção por HIV pode ser diagnosticada em, pelo menos, 30 dias, esse é o período de duração da janela imunológica – tempo decorrido entre a exposição ao vírus e a produção de anticorpos.

Os medicamentos antirretrovirais – que tratam a aids e o HIV – também são distribuídos pelo SUS. Eles têm a capacidade de neutralizar os efeitos do vírus e torna-lo intransmissível.

“O remédio bloqueia o vírus e preserva a imunidade do paciente. Então, a circulação é interrompida. Por isso, é importante tratar”, destaca o infectologista.

“A primeira coisa [a ser feita ao saber do diagnóstico] é manter a calma e procurar um médico; o encaminhamento é feito na própria unidade de saúde. Com tratamento, há grande chance de levar uma vida normal”, acrescenta.

Além da camisinha, existem medicamentos feitos para tratar o HIV que também podem prevenir a infecção. São as chamadas profilaxias pré-exposição (PrEP) e pós-exposição (PEP).

“O ideal é tomar o remédio no intervalo de no máximo duas horas após a relação, mas o limite é 72 horas”, diz o especialista.

Grávidas com HIV podem ter bebês saudáveis. Saiba mais sobre a Aids:

Apesar da evolução nas formas de tratamento e prevenção, a Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida), continua a ser uma preocupação da população mundial e de saúde pública. Segundo dados do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas), 14 mil pessoas morreram no Brasil em decorrência do vírus HIV, em 2016. 

A organização ainda estima que 830 mil pessoas vivem com a doença no País, sendo que o Brasil é o que mais concentra novos casos de infecções na América Latina (49%). Mesmo sendo mundialmente conhecida, a Aids ainda causa muitas dúvidas.

Apesar da evolução nas formas de tratamento e prevenção, a Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida), continua a ser uma preocupação da população mundial e de saúde pública. Segundo dados do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas), 14 mil pessoas morreram no Brasil em decorrência do vírus HIV, em 2016. 

A organização ainda estima que 830 mil pessoas vivem com a doença no País, sendo que o Brasil é o que mais concentra novos casos de infecções na América Latina (49%). Mesmo sendo mundialmente conhecida, a Aids ainda causa muitas dúvidas.

Por isso, a professora do Departamento de Saúde Coletiva da FCMSCSP (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo), Maria Amélia de Sousa Mascena Veras esclarece mitos e verdades sobre a síndrome. Veja a seguir:

Mulheres soropositivas podem engravidar sem que o vírus HIV seja transmitido. VERDADE.

— Se já estiverem em tratamento ou o iniciarem o quanto antes, o risco de transmissão para o bebê é quase zero

O vírus HIV pode ser transmitido por beijo, abraço ou aperto de mão. MITO. 

— O HIV é transmissível apenas por contato sexual ou pelo sangue

É possível contrair o vírus HIV no sexo oral. VERDADE. 
 A especialista explica que apesar de ter menos riscos se comparada ao sexo anal e vaginal, a pessoa também pode contrair a doença no sexo oral.   

— As chances aumentam se houver alguma ferida aberta ou ejaculação na boca.

No Brasil, é possível fazer prevenção medicamentosa para evitar a contaminação do HIV. VERDADE.

Maria explica que no País já existe a PEP (profilaxia pós-exposição), um conjunto de medicamentos anti-HIV, que pode ser tomado até 72 horas após a situação de risco, durante 28 dias, para diminuir as chances de uma infecção pelo HIV.  

— Porém, será possível fazer prevenção medicamentosa para evitar a contaminação deste vírus a partir de 1º de dezembro de 2017, quando foi implementada a PrEP (profilaxia pré-exposição) no SUS  (Sistema Único de Saúde).

Entretanto, a professora ressalta que a PrEP não protege contra nenhuma outra doença sexualmente transmissível, como sífilis, hepatites ou gonorreia.


O diagnóstico é feito somente por exame de sangue. MITO. 

— Além do teste pelo sangue, já existe o teste de fluido oral, que é capaz de detectar a presença de anticorpos para o HIV na saliva.

Se o exame der negativo, posso respirar aliviado (a). MITO.

Apesar de ter uma chance muito grande de que a pessoa não esteja infectada, se ela tiver sido exposta ao HIV durante a chamada de janela imunológica – período que o organismo necessita para desenvolver anticorpos detectáveis nos exames –, pode haver infecção com resultado negativo, afirma Maria.  

— Vale lembrar que, para os testes disponíveis no sistema público de saúde, considera-se como janela imunológica o período de 30 dias após situação de risco. Caso a pessoa acredite ter se exposto durante esse período, recomenda-se repetir o teste 30 dias depois  .

É possível contrair vírus HIV em estúdios de tatuagem, manicures e consultórios de dentista. VERDADE.

A professora alerta que é possível contrair inclusive outras infecções graves como hepatites.  

— Por isso, é necessário que todos os aparelhos utilizados sejam descartáveis ou devidamente esterilizados antes de serem utilizados novamente.

É preciso haver penetração para a transmissão do HIV. MITO.  

O HIV tem diversas formas de transmissão, inclusive pelo sangue, explica a professora.   

— O sexo com penetração é um dos que oferecem maior risco, especialmente se houver ejaculação ou feridas abertas em qualquer um dos órgãos envolvidos (pênis, ânus ou vagina)

Os novos coquetéis de drogas fizeram da Aids uma doença crônica como a hipertensão. DE CERTA FORMA, SIM. 

— Entretanto, é preciso lembrar que interromper o tratamento vai fazer com que o vírus volte a se multiplicar, além de favorecer sua mutação em formas mais resistentes aos medicamentos disponíveis .

Toda camisinha é 100% confiável. MITO.

Nenhum método de prevenção é 100% eficaz, mas o preservativo tem um grau de proteção muito alto, próximo a 100%, se utilizado da maneira correta, explica a especialista.

— Recomenda-se, especialmente no sexo anal, que ela seja utilizada junto a um gel lubrificante à base de água, uma vez que o ânus não possui lubrificação natural e a camisinha pode se romper com o atrito .

Quem tem uma relação estável pode dispensar o preservativo. DEPENDE.

Segundo a professora, esta é uma decisão precisa partir de cada casal. 

— Se ambos forem soronegativos e mantiverem uma relação estritamente monogâmica [sem outros parceiros], não há qualquer chance de infecção pelo HIV. Se um ou ambos os parceiros possuírem o HIV, recomenda-se o uso da camisinha para evitar a infecção do parceiro HIV negativo ou a reinfecção no caso de uma pessoa HIV positivo .

(R7)

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